PORQUE TODO AUMENTO É UM ROUBO! 3, 70! Nem tenta!

Na ultima semana ficamos sabendo que mais um aumento será praticado pela prefeitura de Fruet (PDT). A tarifa se elevara dos atuais 3,30R$ para 3,70R$! (Saiba mais: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/tarifa-do-onibus-em-curitiba-sobe-para-r-370-53z1zkh9801l46ga6bo2q9l2o). Na opinião do Coletivo Tarifa Zero Curitiba todo aumento é um roubo, primeiramente porque transporte (ir e vir) é basilar para a manutenção dos demais direitos (para acessar uma escola, um hospital e mesmo um múseu ou cinema, se necessita na maioria dos casos transporte), mais que isso tal direito “dos direitos” é um direito constitucional, isso claro, não sem a luta do Movimento Passe Livre.

(saiba mais: http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/09/senado-aprova-pec-que-torna-transporte-publico-direito-social.html

http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2015-09/congresso-promulga-emenda-que-inclui-transportes-na-lista-de-direitos).

Todavia a que se lembrar, para além da discussão em torno do transporte como direito, discussão esta cara ao Coletivo Tarifa Zero, deve-se ressaltar que o transporte público, hoje administrado pelas empresas da familía Gulin, a “máfia do transporte”, que detém 70% das linhas, o que se configura como cartel prática ilicita, o que na prática torna os contratos nulos. Não bastando as fraudes nos contratos, comprovadamente a máfia do transporte superfatura as tarifas (inserindo itens na planilha de custos como seu imposto de renda, e apresentando distorções nos valores que compõem a planilha como pneus e diesel). Nesse sentido, os aumentos da tarifa, constantemente praticados pela prefeitura são um roubo, não somente de acordo com a nossa concepção de transporte (este como direito social, e não como objeto do mercado logo de lucro), mas dentro dos próprios parâmetros da justiça (no caso a justiça burguesa, que reconhe o direito a propriedade, e logo de transformar direitos como transporte, saúde e educação em mercadorias), afinal se a licitação é uma fraude, e a tarifa já é superfaturada (isto é, garante lucros acima dos 12% estipulados em contrato) TODO AUMENTO É UM ROUBO PRATICADO PELA MÁFIA DO TRANSPORTE, pois todo esse dinheiro ou vai para o bolso dos Gulin (máfia), ou para as campanhas eleitorais de Fruet e sua corja.

SAIBA MAIS SOBRE A FRAUDE NA LICITAÇÃO E NO SUPERFATURAMENTO DE TARIFAS AQUI: https://www.cmc.pr.gov.br/docs/RELATORIO_final_CPI_TRANSP_CTBA_26-11-2013.pdf

(Ainda sobre isso existem mais dois documentos que estavam indisponíveis, um relatório do TCE e da própria URBS)

Diante destes elementos qualquer aumento, serve para garantir lucros muito acima dos já estipulados em contrato, LOGO SÓ A UMA AFIRMAÇÃO A SER FEITA TODO AUMENTO É UM ROUBO! Assim, cancelar os contratos é uma obrigação!

Fruet já demonstrou que o compromisso do Estado é com a máfia, não só aumentou a tarifa mais uma vez garantindo o assalto a população, como sequer dispõem-se a dialogar com o movimento, que inúmeras vezes o acionou para audiências, bem como passou a compor o Conselho Municipal de Transportes (este texto infelizmente ainda expressa a verdade sobre o conselho: https://tarifazerocuritiba.wordpress.com/2015/07/08/um-conselho-de-transportes-ficcional-breve-analise-sobre-nao-funcionamento-do-conselho-municipal-de-transporte/).

Não resta nada mais ao movimento se não fazer Curitiba Parar! E bem como sabemos a tarifa zero agora só pode ser fruto da ação popular!

Convocamos todos a se somar as próximas manifestações encabeçadas pela Frente e camapanha 3,70! Nem Tenta!

(https://www.facebook.com/events/186056178417987/)

A minha luta é todo dia! transporte público não é mercadoria!

Eu to na rua não é por nada! Essa tarifa é superfaturada!

Ooo Fruet o povo não é bobo! Se tem fraude no contrato todo aumento é um roubo!

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As mágicas da prefeitura de Curitiba precisam reduzir a tarifa, mas não querem mexer no lucro dos empresários.

images.duckduckgo.comLicitações irregulares, monopólio e privatização

do bem público encarecem a tarifa”

Há algum tempo, o Coletivo Tarifa Zero, em conjunto com as organizações que fazem parte da Frente de Luta pelo Transporte, vêm denunciando as irregularidades nas licitações nas concessões de transporte público na cidade de Curitiba. Tais irregularidades, são apontadas por diversos relatórios da URBS, pela CPI dos transportes e pelo Tribunal de Contas do Estado, que em seu ultimo relatório aprovado, ilumina uma série de itens que estariam superfaturados e para os quais caberia a readequação e a diminuição da tarifa de transporte coletivo em Curitiba.

O TCE, neste documento, pede para que a URBS reavalie os custos reais em investimentos em instalações e edificações, assim como gastos com combustíveis e peças por parte das empresas propondo 14 medidas para reavaliar a tarifa. Mas a prefeitura da cidade, ao que parece, continua ais uma vez preocupada em manter os lucros dos empresários em detrimento do transporte público acessível e de qualidade para a população. Como um mágico que tira coelhos da cartola, a administração municipal põe em prática uma série de manobras para cumprir com as determinações do TCE sem afetar o mais importante: o cartel das licitações monopolizado pela família Gulin.

Com isso, o barateamento do custo da tarifa de ônibus em Curitiba sairá mais uma vez do bolso dxs usuárixs, uma vez que itens como meia passagem para estudantes, a gratuidade para alguns trabalhadores e a utilização dos ônibus híbridos (Hibribus) seriam revistos. Entendemos tais medidas como mais um ataque axs trabalhadorxs que necessitam do transporte público para se locomover diariamente para o trabalho, escola e equipamentos culturais e de saúde da cidade. A prefeitura opta mais uma vez pelo ataque ao direito à cidade, em especial dos mais pobres, mantendo o super-lucro que as empresas com concessão de transporte público de Curitiba historicamente preservam.

Pelo fim dos contratos e licitações fraudulentos! Nem um Centavo a mais para a máfia dos transportes! Tarifa Zero Já!

Um Conselho de Transportes Ficcional? Breve análise sobre (não) funcionamento do Conselho Municipal de Transporte

Dia 23 de março de 2015, toma posse o Conselho Municipal de Transportes. Tomam posse no Conselho como representantes dos usuários, dois membros do Coletivo Tarifa Zero Curitiba, isso não gratuitamente, afinal após um acampamento em frente a Prefeitura de Curitiba, que exigia ao menos uma reunião junto ao poder público para discutir as situações relacionadas ao transporte. Recebidos pelo Secretário de Gabinete do Prefeito Gustavo Fruet, os militantes da Frente de Luta pelo Transportes, até o momento acampados, recebem como resposta que o local de discussão do transporte seria o dito conselho, e deste modo solicite que indicássemos representantes. Já imaginávamos, que o conselho seria mais uma forma de “enrolar” o movimento em discussões hora técnicas, hora burocráticas e logo inviabilizar qualquer proposta de mudança do transporte. Tampouco, esperávamos que este conselho pude-se tensionar aspectos como a cartelização, e mesmo superfaturamento do serviço, já comprovados por 4 relatórios (TCE, CPI, Sindicatos e Urbs), devido a composição do conselho, onde existe apenas uma cadeira para os usuários, cujo todos os outros setores são atrelados a máfia dos transportes.

Sim, esperávamos que o espaço do conselho fosse uma tentativa do Estado de institucionalizar e absorver a contestação do transporte, para mais um espaço onde está no máximo poderia ser “barulhenta”, mas nunca efetiva, afinal como observamos o conselho por sua própria composição, apresenta correlação de forças favorável a máfia. Todavia entendiamos que a participação no conselho poderia ao menos legitimarmos para realizar esta denúncia, e mesmo tensionar os conselheiros, assim demonstrando seu teor conservador, bem como por meio das “ruas” tensionar os conselheiros que supostamente devem “representar” setores da sociedade civil, bem como os gestores públicos.

Todavia, o conselho 3 meses depois de seu empossamento sequer teve reuniões, para ao menos simular uma gestão “democrática” do transporte. Nem mesmo uma existência em forma de simulacro do poder público, como um esforço em aparentar ser a gestão Fruet, uma gestão de dialogo com a população, tiveram capacidade seus subordinados (afinal as reuniões somente podem ser convocadas pelo presidente do conselho, nomeado diretamente por Fruet).

Até agora, três meses (lembrando que o conselho foi instituído somente no terceiro ano de mandato de Fruet), após o empossamento do Conselho Municipal de Transportes, sequer uma reunião foi capaz de convocar seu presidente Caique Ferrante. Como vemos, este conselho (Fruet ao inaugurar o conselho faz menção de este ser resposta ao junho de 2013), as investigações e denúncias de cartel e superfaturamento (os estudos primários foram feitos por representantes de sindicatos), a CPI, a redução da tarifa somente foram possíveis por força das ruas, até que o transporte volte a ser pauta dos de baixo, e estes vão as ruas exigir um transporte que realmente atenda seus interesses, as discussões continuaram “estacionadas”. De um Conselho Municipal de Transportes proposto pela prefeitura quando muito poderemos esperar a enrolação, isto é, se este realmente vir a existir, até o momento este é no máximo uma das muitas “ficções encenadas” pelos senhores do “espetáculo democrático”, pois sequer veio a existir.

AUDIÊNCIA PÚBLICA DO PROJETO DE LEI DO PASSE LIVRE: TRANSPORTE É UM DIREITO E NÃO MERCADORIA

A Frente De Luta pelo transporte, tenta desde 2013, debater e colocar em votação na câmara o Projeto de Lei do Passe Livre para estudantes e desempregados, no entendimento de que sem o direito de ir e vir, educação e emprego (que são direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988), não são garantidos. Desde 2013 temos enfrentado todo tipo de sabotagem, do extravio do projeto, tentativas de liquidação do mesmo as escondidas, bem como a má vontade dos vereadores e da prefeitura. Por outro lado, a tarifa de ônibus aumentou mais uma vez em Curitiba, chegando ao valor de R$ 3,30 e atacando ainda mais o bolso de trabalhadores e estudantes que necessitam do transporte público para o trabalho, estudo ou acesso a hospitais, museus, universidades entre vários outros equipamentos sociais. Enquanto isso, investigações realizadas pelo TCE, Urbs, CPI do transporte e sindicatos, apontam para o superfaturamento da tarifa em 0,40R$ e formação de cartel por parte da família Gulin que detém 70% das linhas. Tais elementos já permitem o cancelamento dos contratos como a redução da tarifa, mas o atrelamento do prefeito com a máfia do transporte , não permite que cancele os contratos (afinal não pode desafiar aqueles que financiam sua campanha). Tais fatos demonstram que Vereadores e Prefeitura tem lado, o lado da máfia do transporte, e que para garantir o nosso “lado” somente a luta, ASSIM TODXS XS ESTUDANTES E TRABALHADORXS DEVEM COMPARECER A CÂMARA PARA DEMONSTRAR QUE SE O PODER PÚBLICO ESTA A FAVOR DO EMPRESARIADO A POPULAÇÃO ESTA DO LADO DOS DIREITOS!
Para debater tal situação com a população, foi convocada para o dia 16 de Abril uma audiência pública que acontece na Câmara Municipal de Curitiba às 14h (EM FRENTE A CÂMARA- Rua Visconde de Guarapuava, às 13h). Venha debater, questionar, compreender os rumos do transporte público em Curitiba! Como pressionar por um transporte realmente Público!

Leia o PL aqui: https://tarifazerocuritiba.files.wordpress.com/2014/10/pl-frente-de-luta-pelo-transporte-passe-livre.pdf

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Um Tribunal cúmplice de uma máfia? – Sobre a novela do relatório do transporte do TCE

Desde setembro de 2013 um relatório técnico, resultado de uma auditoria da Urbs, que comprova objetivamente, elementos que os movimentos sociais afirmam a muito: Que a tarifa está superfaturada, que a licitação das linhas de ônibus de Curitiba e metropolitana foi ilegal e mais que esta constitui um cartel, isto é mais uma prática criminosa. Que o poder público, leia-se a prefeitura, tem um compromisso, logo é cúmplice da máfia do transporte já sabemos, pois permitiu mais um aumento da tarifa este ano para 3,30R$ (a tarifa já havia aumentado nos fins do ano passado), mesmo com a comprovação de superfaturamento da tarifa por parte da CPI dos transportes, é cúmplice também porque não cancela os contratos criminosamente constituídos segundo a mesma CPI do transporte. Nas próximas duas semanas os trabalhadores de Curitiba devem acompanhar mais um capítulo desta novela.

O Relatório aponta que a tarifa se encontra superfaturada em atualmente ao menos 1,05R$, pois para o TCE o custo da tarifa deveria ser de 2,25R$, pois existem itens irregulares na tarifa (como o imposto de renda dos empresários, uma taxa para o sindicato, dentre demais elementos irregulares), bem como superfaturamento de componentes da tarifa (como pneus, combustível, etc.). A licitação foi irregular, na medida que beneficiou o grupo que controlou o serviço nos 50 anos anteriores da licitação, pois impunha o modelo das estações tubo (que somente existe em Curitiba), isso porque, a licitação exigia que a empresa que concorresse, já deveria ter frota adaptada para tais estações, que empresa viária arriscaria comprar ônibus do tipo para as estações tubo, na medida que se perdesse a licitação não o poderia empregá-los em nenhuma outra cidade, nesse sentido não ouve lisura no processo, pois favoreceu um grupo na concorrência. Ainda cabe afirmar que na concorrência ganharam 70% das linhas membros de uma mesma família, a família Gulin, o que configura a prática de cartel, mais uma prática criminosa. Por esses motivos podemos afirmar que gerencia do transporte público é realizada por uma máfia, que conta com a cumplicidade da prefeitura (seja a prefeitura de Richa, Ducci ou Fruet), isso garantido por financiamentos de campanha.

É difícil acreditar que o mesmo tribunal, que está sentado há mais de um ano sobre o relatório, que tem provas cabais dos crimes da máfia do transporte ira aprová-lo, pois quando finalmente o relatório foi para votação, o conselheiro Ivens decide pedir vistas, para estudar “mais” o relatório e atualizá-lo (afinal o mesmo se encontrava desatualizado porque o tribunal levou mais de um ano para votá-lo), ou seja, o conselheiro teve mais de um ano para analisar o relatório, mas decide isso no dia da votação. Isso deixa eminente que foi para atrasar a votação (não vimos tanta preocupação do mesmo com a consistência do mérito quando foi a votação o auxílio-moradia para os “pobres juízes”, que foi aprovado pelo mesmo tribunal).

Nas próximas duas semanas (mais exatamente nas quintas dias: 19 e 26), o relatório terá de ser votado, veremos se mais uma das instituições da cidade de Curitiba se encontrara em cumplicidade com a máfia do transporte. Nós sinceramente esperamos que não, mas infelizmente sabemos nestas instâncias de poder, pesa mais a “influência” da classe dominante (máfia do transporte), do que o compromisso com o bem dos trabalhadores de Curitiba e da região metropolitana, por isso continuamos a fiar nossa confiança na luta e na organização dos de baixo!

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[CURITIBA] Carta Pública sobre a atuação de um agressor nos movimentos contra a tarifa

[CURITIBA] Carta Pública sobre a atuação de um agressor nos movimentos contra a tarifa.

Essa carta é um posicionamento coletivo a respeito da presença de um agressor de longa data nos atos conta o aumento da tarifa. Além de repudiar as organizações e indivíduos que encobrem o caso, alegando ser uma inverdade a violência por ele cometida.

No dia 11 de setembro de 2012, um dos principais militantes do MPL (Movimento Passe Livre) de Curitiba agrediu fisicamente e mais de uma vez sua companheira da época. O caso foi denunciado publicamente pelas redes sociais e também registrado na Delegacia da Mulher, contando com  testemunhas oculares das agressões. Na busca por justiça, foi constatado que  O agressor se utilizou de inúmeras alegações falsas para tentar abafar o caso e seu histórico violento e machista. O MPL Nacional, seguindo coerência com os princípios que defende, expulsou o MPL-Curitiba da organização, uma vez que seus integrantes insistiram em defender o agressor e duvidar da vitima.

Em junho de 2013, quando o movimento de luta pelo transporte ganhou massa nas ruas, o agressor tentou retomar seu protagonismo no espaço em nome do MPL-Curitiba. Nessa mesma época foi fundada a Frente de Luta Pelo Transporte, com participação de diversas organizações e pessoas, de caráter horizontal e aberto. E principalmente, a Frente é contra qualquer tipo de opressão.

Dadas as circunstâncias, quando esse ex-militante do extinto MPL-Curitiba tentou compor esses espaços em 2013, a FLPT tirou a política de não permitir sua atuação nos espaços. Assim, no dia 11 de julho de 2013, o agressor foi expulso do ato nacional que marchou da Rui Barbosa até a Câmara dos Vereadores com palavras de ordem, após tentar falar em nome do MPL e do movimento. Hoje o agressor tenta novamente se inserir ao movimento, compondo atualmente a Rede Contra o Tarifaço.

Lembramos: quem não se posiciona e se silencia está do lado do opressor. Tratar politicamente da violência sexista e de forma amadurecida é essencial para construir um processo realmente revolucionário, que abale não só as estruturas do Capital, mas também combata todas as formas de opressão que estão enraizadas na nossa sociedade. A presença de militantes com histórico comprovado de violência e agressão constrange todas as pessoas presentes e em especial as mulheres. Não tratar do assunto de maneira responsável nos impede de compor o espaço político – que já é destinado exclusivamente para os homens brancos, cis e de classe média. Avisamos que se a sua presença permanecer nos espaços, este será exposto para todos a pleno pulmões, vaiado e solicitado para se retirar, não lutamos ao lado de machistas e agressores. Racistas, fascistas, racistas não passaram e não agregam ao nosso movimento.

Gostaríamos de enfatizar por meio dessa nota que as atitudes tomadas pela Frente de Luta, assim como o objetivo desta carta, não é o de apenas punir o agressor, e a nossa posição é contra esse tipo de comportamento que já não toleramos dentro da sociedade e muito menos nos movimentos sociais. Tampouco gostaríamos de expulsar os demais militantes que compõem a Rede Contra o Tarifaço do movimento. Repudiamos a atitude de utilizar a decisão judicial do Estado para abafar o caso e permitir a presença de um agressor no movimento. Frisamos que a violência de gênero não deve ser tratada como um assunto privado ou como algo que possa ser resolvido isoladamente pelas vias legais, pois ela acontece todos os dias e em todos os locais e não podemos fingir que é algo natural. Sabemos que os jogos de poder possíveis no nosso sistema judiciário nem sempre favorecem a justiça e que o Estado não está do lado das pessoas oprimidas e sim do opressor, portanto é crucial que os movimentos sociais fiquem ao lado dos que são oprimidos e lutem para acabar com qualquer tipo de opressão.

Uma vez que esse ex-militante do MPL em nenhum momento se posicionou respeitando a gravidade de seus atos, acusando de mentirosas a todas as pessoas que se colocaram ao lado de sua ex-companheira, sem nenhuma atitude palpável de mudança de postura ou interesse nessa mudança, ele representa e continua a ser uma ameaça para as mulheres estando elas dentro do movimento social ou não. Enquanto se portar como uma ameaça, será tratado como uma ameaça e assim combatido. Por isso, exigimos que o agressor seja imediatamente retirado dos espaços de luta.

Também convocamos todos que queiram somar a luta independente do seu gênero,  orientação sexual, cor ou raça para que venham compor e construir o movimento contra qualquer tipo de opressão, para uma atuação feminista, anti-racista, anti-facista e inclusiva no movimento contra o aumento da tarifa.

Para mais informações

A denúncia: https://rizoma.milharal.org/2012/10/06/carta-aberta-nenhuma-agressao-ficara-sem-resposta/

Afastamento do CMI: http://www.midiaindependente.org/pt/red/2012/10/513343.shtml

Nota MPL Nacional: http://saopaulo.mpl.org.br/2013/05/19/nota-do-mpl-nacional-sobre-a-expulsao-do-coletivo-de-curitiba/

Assinam esta carta:

Coletivo Tarifa Zero

Coletivo Quebrando Muros

Marcha das Vadias – Curitiba

Coletivo Outros Outubros Virão

2 ATO CONTRA O AUMENTO DA TARIFA! QUINTA FEIRA 5/2 18HRS NA BOCA MALDITA! [FLPT E CTZ]

E o prefeito continua com seu jogo sujo e desonesto com a população curitibana. Temos visto nos jornais, na internet, na tv e nos meios de comunicação de massa noticiarem o aumento da tarifa para cima do valor dos 3 reais, e aterrorizando a população com a ameaça do fim da Rede Integrada de Transporte – RIT, pauta histórica do movimento desde junho de 2013, quando tentaram também acabar com a integração com as 14 cidades da região metropolitana que se beneficiam com a integração e a força do povo nas ruas impediu mais essa falta de respeito ao trabalhador. E agora vemos o final de mais um episódio da novela já conhecida por todos, a tarifa aumenta e o prefeito sai de bonzinho por ainda ter conseguido manter a integração com tarifa unica. Passando ainda por cima de decisões judiciais, com a implementação da tarifa diferenciada para pagamento em cartão transporte e pagamento em dinheiro, que sera respectivamente, de 3,15 e 3,30 em dinheiro, o que não tem nenhuma justificativa concreta para essa diferença, pois o serviço é o mesmo, independentemente da forma de pagamento, e é o Ministério Público do Paraná que tem afirmada isso ( http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-3–87-20150203 ) que alega ser ilegal tal situação que também ocorre de forma similar em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.

A tarifa técnica paga aos empresários que antes era de 3,15 passa ao patamar agora de 3,60, tarifa essa que é completada com subsídios estaduais e municipais, o que nós do Coletivo Tarifa Zero nos posicionamos contra, pois a política de subsídios só serve para desmobilizar a população em torna da pauta, pois alivia o pagamento da tarifa na catraca para a população mas engrossa o pagamento com dinheiro publico! Subsídios nada mais são, do que dinheiro do bolso do trabalhador também, pois são frutos das arrecadações de impostos que nos roubam diariamente! E agora com essa tarifa Curitiba chega a estar entre as três capitais que tem a tarifa mais cara do país, perdendo apenas para São Paulo e Rio de Janeiro. Curitiba e Paraná sempre na frente, agora alem de termos o governador estadual mais bem pago do país, o prefeito mais bem pago do país, logo teremos a mafia do transporte coletivo mais bem paga do país!

Na segunda feira, dia 2 de fevereiro fomos para as ruas contra o aumento da tarifa, e continuaremos nas ruas até a tarifa cair!

CONJUNTAMENTE COM A FRENTE DE LUTA PELO TRANSPORTE CONVOCAMOS A TODA POPULAÇÃO CURITIBANA A SOMAR NESSA LUTA QUE É DE TODXS!

2 ATO CONTRA O AUMENTO DA TARIFA!

QUINTA FEIRA DIA 5 DE FEVEREIRO! CONCENTRAÇÃO AS 18HRS NA BOCA MALDITA!

https://www.facebook.com/events/638107769651990/

– Contra o aumento da tarifa que a elevou para 3,30! Redução imediata para 2,70;
– Quatro relatórios apontam superfaturamento na tarifa (TCE, CPI do Transporte, URBS e Sindicatos), tais relatórios apontam que a tarifa pode chegar a 2,25, assim, 2,25 já!; ( http://www.bandab.com.br/jornalismo/relatorio-cpi-tarifa-ate-r-222-licitacao-dezenas-indiciamentos/ )
– Congelamento da tarifa em 2,25;
– Rompimento dos contratos devido a irregularidades, dentre elas formação de cartel na licitação pela família Gulin;
– Fim do subsídio nas passagens (cobrança direta), quem paga os impostos são os trabalhadores, destinar dinheiro público a empresas é sobretaxar os trabalhadores, desviando dinheiro da saúde, educação, etc.
– Contratação de cobradores;
– Supressão de cobranças para compra e abastecimento do cartão magnético;
– Controle social com estatização do transporte público;

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PRIMEIRO ATO CONTRA O AUMENTO DA TARIFA! DIA 2/2

O prefeito Gustavo Fruet (PDT) anunciou o que todxs já esperavam, mais um novo aumento na tarifa do transporte, tarifa essa que já havia subido recentemente em novembro do ano passado de 2,70 para 2,85 e agora será de 3,00 reais para cima! E como covarde que ele é, não teve coragem de ir a televisão ou qualquer outro meio de comunicação de massa anunciar o novo preço da tarifa pois esta com medo da reação da população, o espectro de insurgência das massas que pairou e tirou o sono das autoridades politicas, em junho de 2013 ainda faz temer os poderosos. E como se não bastasse, também anunciou o fim da integração com a região metropolitana (RIT), alegando que a prefeitura não tem mais condições financeiras de arcar com as despesas que a integração demanda, e de que a integração com região metropolitana é de responsabilidade do governo estadual, Beto Richa (PSDB), enquanto que o governo estadual alega estar passando por uma “crise financeira” e por isso deu fim ao subsídio e não renovou o contato, enquanto isso o nosso governador que foi reeleito no ano passado já no primeiro tuno, não abriu mão de seu reajuste salarial do inicio do ano, que fez com que seu salário chegasse à 33 mil reais! O mais alto dentre todos governadores do país! Sendo assim o trabalhador que mora mais longe do serviço e que chega a passar mais de 3 horas dentro do bonde em suas viagens diárias terá que pagar ainda mais caro na tarifa! Reforçando ainda mais as contradições de classe existentes na cidade.

Em junho de 2013 vimos do que somos capazes, o povo organizado e nas ruas fez com que mais de 100 cidades do país revogassem o aumento da tarifa, devemos aprender com a historia e continuarmos construindo a sociedade que tanto almejamos, por isso nesse inicio de ano iremos as ruas novamente, o Coletivo Tarifa Zero conjuntamente com a Frente de Luta pelo Transporte convida a toda população curitibana a se somar nessa luta que é de todxs! Trabalhadores, desempregados, donas de casa, estudantes e todxs usuários do transporte público que não aguenta mais ser explorado cada vez mais pela mafia do transporte que todo ano lucra milhões e milhões em cima de nosso direito de ir e vir. Vamos barrar esse aumento na tarifa, e isso não sera obra de nenhum vereador ou qualquer outro politico mas sim do povo, somente o povo, lutando ombro a ombro com todxs nas ruas que irá conseguir impedir mais esse assalto ao bolso do trabalhador!

COLETIVO TARIFA ZERO E A FRENTE DE LUTA PELO TRANSPORTE CONVOCA A TODXS PARA IR AS RUAS NESSA SEGUNDA FEIRA DIA 2/2 NA BOCA MALDITA, CONCENTRAÇÃO 18HRS, PARA LUTAR CONTRA ESSE AUMENTO!

NEM UM CENTAVO A MAIS PARA A MAFIA DO TRANSPORTE!

2,85 JÁ É ROUBO! MAIS QUE 3 REAIS É ABSURDO!

https://www.facebook.com/events/1577271612504628/

A Comissão de Fanfarra da Frente de Luta pelo Transporte, convida a todxs para participarem do primeiro ensaio do Bonde dos Oprimidos para fazermos um ato ainda mais bonito e agitativo nessa segunda feira. O ensaio ocorrerá nesse domingo, dia 1/2 ás 15hrs no prédio do DCE no quinto andar!

https://www.facebook.com/events/330477493814016/

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[Passa Palavra] Revolta popular contra a tarifa: notas sobre os limites da tática

Reprodução de artigo do Passa Palavra.

Podemos avançar rumo à radicalização das lutas por meio da articulação pela base de pautas específicas e métodos organizativos de revolta popular para além do modelo de protesto em massa que se reapropria e obstrui as principais ruas da cidade? Por Eugênio Varlino.

Que limite?

Na jornada de luta contra o aumento da tarifa de ônibus de junho de 2013, vigorou uma tática que podemos chamar de “revolta popular” [1]. Esta tinha em seu centro gigantescos atos que bloqueavam as principais vias da cidade, decorando tais ruas e avenidas com cartazes e palavras de ordem. A radicalidade dos protestos muitas vezes residia no próprio trajeto percorrido, uma vez que se operavam reapropriações populares do espaço público, dessacralizando não apenas algumas instituições, que se tornaram alvo privilegiado de depredações etc., como também ruas e avenidas que simbolizam o poder capitalista, tal como a Avenida Paulista. Em 2013 a presença massiva e insistente dos manifestantes nas ruas, o caos urbano subsequente à revolta em face da violenta repressão policial contra os manifestantes, os danos ao patrimônio público e privado e o amplo apoio da chamada opinião pública exerceram pressão suficiente para levar os governantes a anular os aumentos da tarifa em diversas cidades de todo o Brasil. A tática da revolta popular foi portanto vitoriosa e aquele modo de luta se mostrou “suficiente” para garantir a demanda imediata da revogação dos aumentos. [A tentativa de ampliação/diluição da pauta e apropriação dos atos pela direita, na chamada “revolta dos coxinhas”, constitui tema paralelo ao assunto destas notas].

coxinhasEmbora tenha conquistado em 2013 seu objetivo imediato, parte da militância demonstra enxergar que a tática da revolta popular continha desde o início um forte limite se a estratégia das lutas se radicalizasse e a demanda popular passasse a visar a garantia da tarifa zero por meio da autogestão popular do transporte, para não dizer a autogestão da cidade. Planejados pelo restrito grupo do Movimento Passe Livre (MPL), os protestos funcionavam por meio da adesão popular a uma pauta imediata (revogação do aumento) e ampla (tarifa zero), desdobrando-se em atos que negavam o serviço de transporte nos moldes capitalistas, seja bloqueando ruas, pulando catracas ou depredando ônibus etc. Os protestos canalizavam, ainda, o descontentamento e a rebeldia popular frente à barbárie cotidiana a qual somos submetidos, o que ficou comprovado pela expansão da revolta para outros espaços periféricos da cidade, e tendo outras pautas, nem sempre diretamente relacionadas à questão do transporte público, como por exemplo os protestos contra a repressão policial nas favelas “pacificadas” pelas UPPs cariocas. Nesse sentido os protestos apareceram como forma de liberação e desencadeamento de uma rebeldia mais ou menos instintiva contra a ordem de coisas e contra algumas das facetas mais desagradáveis do capitalismo, como por exemplo a expulsão da classe trabalhadora para a periferia das cidades, o que visa manter a especulação imobiliária no centro e tem como consequência que aqueles que ali trabalham se veem forçados a perder até 5 horas de seu dia dentro de meios precários e caros de transporte de casa ao trabalho. Essa liberação da rebeldia já fez de 2013 um ano paradigmático da história brasileira, uma vez que ninguém poderá negar que a classe trabalhadora conquistou naquele ano aquilo pelo qual lutou, e isso num país em que as principais mudanças societárias jamais foram reconhecidas como fruto da luta do povo e sim como concessão dos poderosos.

Há quem defenda que enquanto o automóvel for o meio de transporte mais amplamente usado e as ruas o principal meio de escoamento das mercadorias seus bloqueios continuarão a gerar transtornos político-econômicos suficientes para que a luta obtenha resultados. O limite da tática da revolta popular residiria, então, somente no âmbito da estratégia mais pretensiosa (a consolidação da tarifa zero e a viabilização da autogestão da cidade), enquanto a tática da revolta popular seguiria sendo suficiente para garantir o atendimento da demanda defensiva pela revogação dos aumentos. Por outro lado, existe um outro aspecto do limite da tática, o qual reside, e talvez este seja o nó górdio da questão, no próprio modus operandi da organização da luta e dos protestos, em geral feita por uma vanguarda constitutiva do MPL e coletivos afinados politicamente com ele. É verdade que essa organização contava e ainda conta com o aprimoramento espontâneo das táticas no calor das lutas. Quanto a isso caberia lembrar a formação espontânea, ainda no início daquele junho, de grupos de manifestantes que se colocavam nas extremidades dos atos, assumindo a tarefa de conter a violência policial, preservando a integridade física dos demais. Essas fileiras “militares” eram inicialmente simplesmente reconhecidas como “vândalos”, mas acabaram por se cristalizar, no refluir daquele ascenso de massas, sob a identidade do ”black bloc”, incorporando a referência de uma cultura de resistência que surgira em contextos de outros países. Esta logo tornou-se pauta preferida dos grandes meios de comunicação e dos inquéritos policiais, e entre os adeptos do black bloc a ação passou a ser um fim em si mesma. Esses setores passaram a ser um problema extra a ser manejado pelos movimentos de rua, na medida em que recorrentemente se recusavam a se submter às propostas coletivas nos atos, e também do fato de que o caráter mascarado e “incontrolável” de cada black bloc tornou essa fileira a mais frágil para a infiltração de P2 [policiais infiltrados].
Pontuadas essas questões, cabe questionar se bastaria ao MPL e coletivos amigos repetir um “novo junho” em janeiro de 2015 para vermos atendidas nossas demandas pela redução da tarifa. Será?

Pistas

Brazil-RiotsA nova onda de lutas contra a tarifa iniciou há algumas semanas e já lança luz sobre os limites e possibilidades da tática vitoriosa em 2013. Até aqui tivemos de 3 a 4 atos nas principais cidades do país, os quais demonstraram, acima de tudo, que o que não falta é disposição para a luta. Nos quatro atos que tivemos até aqui em São Paulo o Governo Estadual através da Polícia Militar tentou minar tanto a tática do bloqueio das ruas quanto a dos danos às propriedades, sendo inclusive competente em evitar que os protestos ocorressem na Avenida Paulista. Tal fato indica que ainda existem problemas na tática, mas tais problemas bastam para que atestemos que ela contém em si mesma um limite estrutural, insuperável? Cabe pensar com cuidado essa questão, fundamental para a realização da própria estratégia da tarifa zero sob controle popular.

Pode-se dizer que a forma organizativa mais ou menos “conspiratória” da revolta popular e a estratégia de pressionamento do poder público via ocupação em massa das principais vias da cidade, levando-a a “parar”, constituiu uma tática que chegou ao ápice e se tornou parcialmente anacrônica ainda em 2013. De fato, não obstante os atos sigam empolgando os manifestantes e a população urbana que toma contato direto com os protestos, apoiando-o a partir de suas casas, apartamentos e locais de trabalho no decorrer das passeatas, ao que parece a nova onda de protestos em 2015 surge e se desenvolve num ritmo diferente. O grande número de manifestantes, bem como a forte repressão policial, não mais surpreende e não chega a encher de indignação à população que não participa dos atos e não sente na própria pele a violência gratuita dos policiais, tal como ocorreu em 2013, o que até aqui tem dado certa folga aos governantes e capitalistas do setor de transporte. Se nos atermos à opinião pública em geral e aos resultados atingidos até aqui, poderia parecer que estamos diante de uma progressiva saturação da revolta popular enquanto forma de luta, muito embora contra todas as adversidades essa tática ainda se mostre sedutora ao ponto de levar milhares de pessoas às ruas. Tal é a energia da revolta popular, que não toma ciência dos próprios limites e encara de frente a repressão do Estado.

Se quisermos pensar seriamente os limites e potencialidades da tática da revolta popular precisamos ter em mente que todos os atores envolvidos no novo ciclo de lutas contra a tarifa já se apresentam diante dos protestos a partir de um outro patamar de experiência e, exatamente por terem vivenciado as jornadas de 2013, se colocam desde o início a partir de um outro lugar, munidos de táticas mais ou menos renovadas.

Os governantes, por exemplo, já largam a disputa em várias cidades do país com a carta na manga do “benefício” do passe livre estudantil, visando com isso arrefecer as lutas por meio da não participação dos estudantes contemplados, ao mesmo tempo em que procuram reverter essa concessão (conquistada na luta) em ganhos para sua própria imagem pública.

130632364__423815bA polícia, por outro lado, aperfeiçoou sobremaneira suas táticas contra-insurgentes e já não deixa escapar rotas de fuga aos manifestantes, cercando permanentemente todo o ato e antecipando ataques com vistas à dispersão, quando não evitando o próprio ato de ocorrer [2].

A mídia comercial já não gasta tanto tempo de seus noticiários divulgando a luta e denunciando os abusos, e quando noticia os atos demonstra o quanto aprimorou seus métodos próprios de contra-informação e manipulação da opinião pública a favor de seus próprios interesses, que em geral coincidem com os do poder público e dos capitalistas do ramo do transporte.

Já os manifestantes também contam com seu acúmulo de experiência pós-junho de 2013, o que todavia não se mostrou ainda suficiente para contrabalançar a evolução tática dos mecanismos contra-insurgentes de governo, mídia e aparato policial. Uma interessante inovação da parte da extrema-esquerda reside nas Assembleias populares para decisão do trajeto do ato, o que dá menos tempo para as forças policiais armarem suas estratégias repressivas e se posicionarem de antemão ao longo do trajeto a fim de garantir a eficácia de seus estratagemas. Ao mesmo tempo, tais Assembleias permitem aos manifestantes colocar em prática os mecanismos de democracia direta que se pretende pôr em prática quando a tarifa zero for conquistada e a autogestão do transporte público estiver nas mãos dos usuários.

Já da parte da esquerda governista, há a articulação de uma Frente de Esquerda [3] que no âmbito dos protestos contra a tarifa tem repercutido no sentido de uma inovadora tentativa de minar os protestos por fora, via acordos [4] [5] em reuniões arranjadas com os governantes e/ou promoções de atos paralelos aos do MPL, porém com a mesma pauta de revogação do aumento da tarifa. Não por acaso tais atos não recebem o mesmo tratamento repressivo da parte do aparato policial: levados a cabo por organizações menos combativas e mais voltadas para os acordos institucionais entre Estado e movimentos sociais, esses atos vão na mesma mão dos interesses do governo e por isso sua realização agrada aos governantes: basta vermos o caso do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que fez em São Paulo, dois dias antes do 2º Ato do MPL-SP, um ato que passou por dentro de um terminal de ônibus e se encerrou com a entrega das reivindicações na Secretaria de Transporte, sendo aclamado pela mídia como um ato “de caráter pacífico”, enquanto os atos do MPL são propositalmente reprimidos pela polícia, reforçando o discurso midiático de que o MPL seria intransigente, violento etc., e visando distribuir o medo entre os manifestantes, na tentativa de diminuição do contingente nestas manifestações.[6] [7] E temos também uma decidida tentativa de disputa, da parte da esquerda governista, da hegemonia dentro dos próprios atos do MPL. As ofensivas vêm de toda parte, é preciso estar atento para antecipar os movimentos dos adversários da tarifa zero.

Esse novo cenário não foi suficiente para impedir que novos atos organizados pelo MPL ocorressem e sigam ocorrendo, com massiva presença de dezenas de milhares de manifestantes descontentes com o aumento da tarifa. O que mudou é que até o momento esses gigantescos atos parecem exercer uma pressão muito menor sobre o poder público, no sentido deste se ver impelido a atender às reivindicações, se compararmos à pressão que atos até mesmo de igual magnitude exerceram há cerca de um ano e meio. Será que a persistência da luta e sua ampliação, mesmo que chegue outra vez a levar milhões de pessoas às ruas, bastará para reverter esse quadro e incomodar o poder público e os capitalistas do transporte o suficiente para que vejamos atendida a demanda pela revogação do aumento? Nesse caso a tática da revolta popular mostraria que ainda tem o que render enquanto forma de luta contra a tarifa. Mas e se o fôlego deles for maior que o ânimo da rebeldia popular, que faremos além de seguir ocupando e nos reapropriando das ruas e principais vias da cidade? Quem terá mais fôlego, os estratagemas contra-insurgentes ou a rebeldia popular?

A demonstrator jumps over trash set afire during protests in Sao Paulo

Rotas de fuga do limite

O desenvolvimento dos aparatos e táticas repressivas, bem como o aperfeiçoamento das técnicas midiáticas de contra-informação e todo o conjunto de dificuldades que os protestos de rua apresentaram e seguem apresentando levaram o MPL a prever esse cenário crítico e chegar à conclusão de que um novo junho talvez não bastaria para se ver atendida a demanda pela anulação do aumento, e muito menos a tarifa zero. Era preciso, portanto, antecipar o limite da tática oxigenando-a, se o movimento quisesse obter novas vitórias rumo ao passe livre.

Por esse motivo o MPL vem promovendo e incentivando, paralelamente aos tradicionais atos de rua no centro, atos diferenciados nas periferias das grandes cidades, e recentemente tem se esforçado, com sucesso, para realizar os próprios Atos na periferia da capital paulista.[8] O intuito é potencializar a amplitude política e geográfica dos protestos, descentralizando-os, o que pode dificultar sua repressão policial e reforçar a pressão sobre o poder público. Ao mesmo tempo esse movimento de abertura do leque político traz consigo a potencialidade de radicalização das revoltas populares nos bairros e locais de trabalho, extrapolando em muito o controle e capacidade organizativa do próprio MPL. Essa iniciativa vem sendo seguida de perto pelas organizações afinadas com os governos estadual e municipal. O MTST, por exemplo, passou a reproduzir a tática de realização dos atos contra o aumento da tarifa na periferia, sem somar com os atos convocados pelo MPL, mas tentando adiantar-se a eles.[9] Ao mesmo tempo, tais atos visam manter a posição do MTST enquanto movimento que é capaz de mobilizar a classe e, portanto, um movimento com o qual os governos precisam seguir negociando.

Ao oferecer espaços de mobilização e de organização da classe, o MPL e outras organizações buscam superar um dos supostos limites das revoltas de 2013: a falta de espaços organizativos capazes de garantir o maior envolvimento da classe trabalhadora como um todo (desempregados, trabalhadores informais e assalariados de carteira assinada), não apenas nos protestos de rua, mas em articulação com as lutas específicas nos locais de trabalho e moradia. O foco, naturalmente, reside nos trabalhadores urbanos, mas o movimento feito certamente tem a potencialidade de atingir o entorno da cidade, especialmente as zonas que também sofrem os percalços de um transporte público caro e de péssima qualidade, ou até mesmo bairros que ainda não dispõem de linhas de transporte público.

Além disso, ao trabalhar no surgimento e desenvolvimento de espaços de organização de classe o movimento social abre uma via de escape para a fração da classe trabalhadora que está organizada em siglas assimiladas pelo petismo (por exemplo, em ordem cronológica, CUT, MST e MTST).

ap278862148893Em 2013 algumas cidades, especialmente São Paulo e Rio de Janeiro, foram palco de revoltas explosivas e espontâneas em diversos pontos da cidade, simultaneamente. Foi um belo começo de generalização da revolta popular, mas os trabalhadores não conseguiram manter e estender maciçamente essa revolta popular nas periferias e locais de trabalho, criando assim as condições para uma radicalização das lutas que chegasse a tomar a forma de uma greve geral constitutiva de órgãos de poder popular, o que certamente levaria à contestação de bem mais que os 20 ou 50 centavos da tarifa. Se a classe trabalhadora lograsse essa auto-superação de suas formas de luta tradicional em prol das lutas de base, mais ou menos espontâneas, que surgiram junto e na sequência da onda de protestos do segundo semestre de 2013 (greves selvagens contrárias à posição conciliadora dos sindicatos, tal como no caso da greve dos garis e motoristas/cobradores cariocas, ou ainda ocupações espontâneas de terrenos nos extremos sul e leste de São Paulo), exercendo um tipo de pressão radical por sobre a base dos próprios aparatos de luta historicamente assimilados, teríamos talvez as condições para desdobramentos insurrecionais que justificariam a histeria de alguns sobre a “pré-revolução brasileira” e coisas do gênero. Mas o fato é que estivemos e seguimos ainda muito longe desse patamar de ofensiva anticapitalista.

Podemos avançar rumo à radicalização das lutas por meio da articulação pela base de pautas específicas e métodos organizativos de revolta popular para além do modelo de protesto em massa que se reapropria e obstrui as principais ruas da cidade? Se conseguirmos, a revolta popular demonstraria que contém em si mesma a semente da organização de órgãos de controle popular da produção e reprodução da vida social, e então a tarifa zero será apenas o começo de uma onda de conquistas substantivas para a classe trabalhadora.

Revolta popular contra a tarifa: notas sobre os limites da tática

Nota do Coletivo Tarifa Zero sobre a Greve dos Rodoviários

Greve dos rodoviários: Mais uma vez todo apoio aos trabalhadores!
Nenhuma concessão a máfia do transporte!

Mais um início de ano, mais uma greve dos rodoviários. De contrapartida nos do Coletivo Tarifa Zero, afirmamos que apoiamos integralmente a greve dos rodoviários, pois estão reivindicando seus salários, algo fundamental para sua existência, e é inaceitável que estes não o recebam. Porém deve-se destacar, que mais uma vez, e isto não parece ser uma coincidência, a greve dos rodoviários veio de encontro com os interesses do patronato, isto é da máfia do transporte.

As empresas afirmam não pagar os trabalhadores devido ao não recebimento de subsidio, por outro lado Fruet joga a responsabilidade em Richa, que por sua vez joga em Fruet. É notório e público, que os contratos do transporte, realizados via licitação são irregulares, afinal a licitação somente serviu para referendar e fortalecer o velho cartel do transporte promovido pela família Gulin. É público também que a tarifa do transporte é superfaturada, em ao menos 0,40 R$, isso comprovado pelos relatórios da Urbs, Tribunal de Contas do Estado, CPI dos transportes e Sindicatos. A máfia do transporte já subtrai do bolso dos trabalhadores/as, no caso usuários, 0,40R$ irregularmente, não basta-se isso recebe vistosos subsídios, isto é, financiamento do Estado de 11 milhões de R$ (somadas ajuda da prefeitura e governo do Estado), como é que com estes montantes usurpados da população via tarifa e via saque dos cofres públicos, estes ainda tem a coragem de afirmar não ter o dinheiro par ao salário dos rodoviários. É eminente que o dinheiro para pagar os salários existe, o que não existe na verdade é vontade, afinal a greve dos rodoviários serviu muito bem para pressionar os governos municipais e estadual a colocarem o subsidio em dia.

Não é a primeira vez que o Sindimoc, tem seus “interesses” coincidindo com os dos patrões. Sabemos que a database dos trabalhadores sempre é usada pela máfia do transporte para pressionar a Urbs e a prefeitura para aumentar o valor tarifa. Desta vez os rodoviários serviram a máfia para esta reaver o subsidio. Como vemos não é de hoje, que a pelegada, isto é os burocratas do Sindimoc, se dispõem a “quebrar” esta para o patrão. Não obstante temos um novo aumento da tarifa marcado para fevereiro, mais uma vez coincidindo com o reajuste dos trabalhadores.

É preciso afirmar que os rodoviários, de certa forma se encontram subordinados a uma burocracia sindical que se vale do sindicato para negociatas escusas, por isto de modo algum criticamos o protesto dos trabalhadores que desejam receber seus salários, porém a de se observar que a pelegada da Força Sindical, que dirige o Sindimoc, com certeza não entra nesta jogada de maneira ingênua. Sabemos ainda que parte do aumento das tarifas que supostamente é para beneficiar os trabalhadores jamais chega ao bolso dos mesmos, deste modo vemos que a máfia do transporte opera junto as burocracias sindicais, isto com a bênção do poder público (prefeitura e governo do estado) que continua paralisado frente as irregularidades já comprovados no transporte (cartel e superfaturamento).

Como vemos usuários e rodoviários, no caso os trabalhadores, estão nas mãos da máfia do transporte. Os trabalhadores pelo seu lado que vem seus direitos serem permanentemente desrespeitados, e os usuários, que pagam a conta resultando do assalto que é a tarifa. A saída deste impasse só pode se dar via organização, organização dos usuários (trabalhadores, estudantes, desempregados, donas de casa, os explorados) para acabar com a máfia do transporte e exigir um serviço realmente público, isto é, exigir o transporte como serviço público já custeado pelos impostos, e mais sobre controle dos trabalhadores e usuários, os rodoviários, por sua vez devem desbancar os pelegos que ocupam o sindicato para realização de suas tramoias, e assim buscarem fazer deste um instrumento para a luta por melhores condições de trabalho e salários.